Vivendo ha quase quatro anos fora do Brasil, as vezes fico impressionado com a postura adotada pelas instituições privadas na área de saúde no Brasil para com consumidor.
Fui atacado por uma terrível dor de garganta que começou no sábado pela manhã, me causando uma terrível dor na parte da tarde e junto dela uma febre de 41.1 C.
Nunca tive uma febre tão alta, e tomei medicamento para reduzir a febre e minha irmã que é estudante de medicina, pela descrição do meu caso, me mandou tomar o remédio pra febre que eu já estava tomando e adicionar um antibiótico.
Comprei um antibiótico com muita luta, pois descobri que a lei brasileira mudou e agora só vendem com atestado médico, que não me oponho a isso, pois realmente fiquei sabendo que no Brasil as pessoas não sabem usar o medicamento, depois do meu poder de persuação, convenci a farmacéutica a me vender o remédio, pois já eram quase 12 am, e não tinha mais nenhuma drogaria aberta e que meu caso ia piorar se eu não começasse logo o uso do antibiótico.
Tudo bem, comprei o remédio, tive febre a noite inteira e nada da temperatura reduzir.
Preocupado com situação resolvi ir para o Hospital Felício Roxo em Belo Horizonte.
Chegando na recepção num dia de Domingo, não estava nem cheio, nem vazio, tinha um número bom de pessoas, mas nada de extravagante. Logo de cara, fomos informados, que o atendimento deveria demorar um pouco pois só tinha um médico atendendo.
Nisso, eu estava com minha mãe e esperava assentado, pois devido a febre, meu corpo se apresentava frágil, sem energias para ficar em pé por muito tempo, uma dor terrível na garganta, além de um frio inexplicável numa temperatura ambiente que estava acima dos 32 C.
Depois de vários minutos esperando minha mãe, a mesma volta e me diz que não aceitaram o pagamento, pois eles queriam um cheque calção no valor de R$ 500.00 para que pudessem fazer a transação. Minha mãe então me passa essa notícia, porém, minha ignorância é na área médica, já na jurídica, digamos que tenho uma noção maior do que a população normal em geral.
Falei com minha mãe para aguardar, que eu iria resolver o problema. Me levantei, falei com a menina que o que ela estava fazendo era ilegal, por vários motivos mas apresentei dois que achei que era suficiente e também não estava com energia para brigar. Aleguei que existe um tratado internacional ao qual o Brasil é seguimentário, onde você não pode negar atendimento ao paciente, principalmente se ele tem como arcar, que era o caso, e que, nós tinhamos dinheiro e cartão, somente não trabalhavamos com cheque e que gostaria de conversar com a superviora.
Depois de 5 min de conversa, estava tudo resolvido. Minha mãe voltou para o setor de pagamentos, o fez, e eu a aguardando na minha poltrona sentindo um frio que parecia um dia de treinamento militar com a temperatura abaixo de 0 C.
Então, começava a segunda parte da novela. Fiquei tanto tempo esperando que já não aguentava sentir tanto frio e fui pedir para enfermeira um termómetro para medir minha temperatura. Ela me deu o termómetro, e, saiu para resolver problemas quaisquer que haviam naquele momento.
Após tirar a temperatura, 38.5 C era o que apontava o termómetro. Mostrei para o porteiro, que era a única pessoa que tinha para eu falar naquele momento e pedi para que ele comunicasse a enfermeira.
Se passaram vários minutos e nada de ninguém me chamar, e o frio, embora a temperatura ambiente continuasse muito quente, só subia, e eu tinha certeza que minha febre também subia.
Aguardei por alguns minutos mais e fui até a enfermeira que era diretora e pedi alguma coisa para me ajudar a controlar a febre pois eu estava com muito frio e estava preocupado.
Demoraram muito e, não sei se por dor ao ver um homem encolhido e tremendo de frio, resolveram trazer algumas compressas com água gelada para reduzir a temperatura e resolveram tirar a mesma novamente para ver se a febre estava diminuindo. Não sou nenhum gênio, mas nunca vi ninguém se curar de uma febre alta somente esperando por atendimento. Talvez se tivesse algum curandeiro ou alguem que fizesse cirurgia espiritual, quem sabe...
Então, vendo que minha temperatura já estava 39.2 C, resolveram finalmente me levar para dentro e pediram para que eu tomasse um banho morno para diminuir a febre.
Parecia que agora ia ficar bom. Mas parece que não sei se era meu dia que não era os de mais sorte, mas me colocaram do lado de uma velha, que gritava para que matasse ela, que ela queria uma arma, que iria matar o médico, que iria se matar, que queria ir pro inferno e outras coisas que nem vale a pena comentar.
Eu dei um grito do meu lado para que ela se contesse um pouco, e a resposta que tive do seu filho, ou parente, não sei o que era, foi para que o problema era meu.
Mas felizmente o médico chegou e falou que ela não podia continuar gritando pois ela estava em um hospital e deveria respeitar os outros pacientes, que não precisava ser nenhum gênio para perceber isso.
Mas então, meu dia começou a melhorar, uma enfermeira muito educada e prestativa, me levou para o banheiro, onde pude tomar meu banho, enquanto minha genitora aguardava meu regresso, e então, com a temperatura reduzida, porém, ainda com febre, fui finalmente medicado.
Me aplicaram soro e outro remédio venoso para controlar a febre. Dormi um pouco para que esquecer um pouco do frio e da dor, e quando acordei, era a enfermeira voltando novamente, e naquele momento eu já estava suando, com febre, mas temperatura menor em torno de 37.8 C.
O médico chegou, pediu desculpas pela demora, foi muito simpático por sinal, falou que antibiótico que eu estava tomando era correto e que eu aguardasse que eu torno de 5 dias estaria bom.
Voltei pra casa, ainda com frio, meio tonto, mas mais a noite, já estava me sentindo melhor, já conseguia andar e na manhã do outro dia, já não tinha nenhum sinal de febre, somente a dor de garganta que acredito que devido a infeccão, fosse demorar um pouco mais.
Um pequena avaliação desse incidente é que, eu sou americano e brasileiro, moro nos EUA, e venho no Brasil para visitar minha família, e, se qualquer pessoa fica doente na terra do Tio Sam, independente de ter dinheiro ou não será atendido, se irá pagar ou não, já são outros quinhentos. Mas saúde é um ponto fundamental garantido na Cosntituição Brasileira de 1988.
Brasil é um dos países com a maior carga tributária do mundo. Se não consegue controlar a saúde, qual a credibilidade do país com seus cidadãos que pagam essas altas taxas, que retorno eles têm?
Um país para se tornar primeiro mundo, não deve simplesmente crescer economicamente, mas também valores e respeito ao seu próprio povo.